Mostrar mensagens com a etiqueta carmen ruiz fleta. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta carmen ruiz fleta. Mostrar todas as mensagens

21 janeiro 2011

carmen ruiz fleta

Las tendí de una cuerda en el patio.

Vacié de letras todos mis huecos,
chupé el polvo de la única palabra que ya no uso,
y me atraganté.
Después de perseguirte a distancia,
de aprender todos los gestos,
de peinarme frente a tu espejo.
De resbalarme cabeza abajo hasta tu sexo.
Apreté las piernas hasta hacerte daño.
Pasa el tiempo y las pelusas anidan en las tripas.
Han hecho un útero donde antes había estómago,
y en lugar de comer,
doy a luz todos los días una manzana de tristeza.
Si las nanas hacen llorar, ¿qué se les canta a los que nacen difuntos?
Te haré una canción que sepa a leche y así saldaré la deuda de no ser tu madre.
El suelo cada vez está más sucio y no me queda tinta para remediarlo.
En mi tendedor las manzanas se pudren antes de suicidarse
llevadas por la inexcusable tentación de la inercia.


Pendurei-as numa corda do pátio.
Esvaziei de letras todas as minhas cavidades,
chupei o pó da única palavra que já não uso,  
e engasguei-me.
Depois de te ter perseguido à distância,
de aprender todos os gestos,
de me ter penteado diante do teu espelho.
De ter resvalado cabeça abaixo até ao teu sexo.
Apertei as pernas até te doer.
O tempo passa e a penugem aninha nas tripas.
Há um útero onde antes era um estômago,
e, em vez de comer,
todos os dias dou à luz uma maçã de tristeza.
Se as canções de embalar fazem chorar, que coisa cantar aos que nascem defuntos?
Far-te-ei uma canção que saiba a leite e assim saldarei a dívida de não ser tua mãe.
O chão está cada vez mais sujo e não me sobra tinta para o reparar.
No meu estendal as maçãs apodrecem antes de se suicidarem
Levadas pela indesculpável tentação da inércia.