Mostrar mensagens com a etiqueta anise koltz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta anise koltz. Mostrar todas as mensagens

18 agosto 2018

anise koltz


Chaque aube
est une promesse d’éternité

Chaque couchant
sa flamboyante annulation

Toda a madrugada é
uma promessa de eternidade

O poente
o seu fulgurante nulo

Les portraits
épuisés comme les jardins
en automne
gèrent leur passé fané

Os retratos
desposados como os jardins
no outono
gestionam o seu passado murcho


Mes poèmes me sont étrangers
comme les peintures rupestres

J’ignore leur origine et leur âge
parfois je reconnais un détail
un animal familier

Os meus poemas são-me estranhos
como pinturas rupestres

Ignoro a sua origem e a sua  idade
às vezes reconheço um detalhe
un animal familiar



01 março 2015

anise koltz



Ma mère ne cesse de me mettre au monde
j´existe des milliers de fois

Ma mère ne cesse de mourir
dans mes entrailles

A minha mãe não cessa de me pôr no mundo
existo milhares de vezes

A minha mãe não cessa de morrer
nas minhas entranhas

*

Abattez mes branches
sciez-moi en morceaux
les oiseaux continuent à chanter
dans mes racines
Des pierres lancées
contre moi
j’ai construit les murs
de ma maison

Abatam-me os galhos
cortem-me em pedaços
as aves continuam a cantar
nas minhas raízes
Com as pedras lançadas
contra mim
construi os muros
da minha casa


***

Face à la mort
mon père évoque son passé -
son cœur s’ouvre
telle une vieille armoire
qui craque
Soudainement
nous suffoquons
sous une couche



de poussière épaisse
Diante da morte
o meu pai evoca o seu passado -
o seu coração abre-se
como um velho armário
que estala
Repentinamente
sufocamos
sob uma capa
de pó espesso